sábado, 17 de março de 2012

Uma garrafa no mar

A história desta história

Em julho de 1995, li na revista Terra uma reportagem que me fascinou: duas garotas americanas, de férias em uma praia da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, jogaram uma garrafa no mar com bilhetes dentro. Sete meses depois, a garrafa foi encontrada por um garoto francês na costa da Bretanha. Achei aquilo sensacional! Pela ação das correntes marítimas, o minúsculo objeto atravessou o Atlântico e aproximou adolescentes de dois continentes, que não falavam o mesmo idioma. Isso numa época em que se navega nas ondas da internet com incrível rapidez...

Guardei a matéria e a reli várias vezes, pensando em escrever uma história sobre o tema. Na verdade, queria refletir sobre a relação das pessoas com a tecnologia. Penso que as máquinas existem para nos ajudar a viver melhor – ao menos, deveria ser essa sua função. Mas tem muita gente que se relaciona melhor com o computador do que com a família...

Como não entendo de correntes marítimas, fui entrevistar um oceanógrafo da Universidade de São Paulo (dr. Belmiro Mendes de Castro Filho). Perguntei-lhe em que lugar da costa brasileira Nara poderia jogar a garrafa. E até onde o objeto chegaria. Ele me deu uma aula sobre o assunto. Soube que o ponto ideal para o lançamento ficava no Nordeste – Ceará ou Rio Grande do Norte. E os destinos poderiam ser muitos: África, Golfo do México, Caribe, Nova Zelândia. Quando o dr. Belmiro mencionou esse país, decidi que seria lá que “nossa” garrafa chegaria.

Escolhi jogá-la em Natal porque conhecia bem a cidade (até que, anos depois, vim morar nela). Quanto à Nova Zelândia, estive lá fazendo uma reportagem para a revista Claudia em 1991 e me encantei com as belezas do país. Dr. Belmiro calculou o tempo que a garrafa demoraria para fazer o percurso: três anos. Era perfeito para o efeito que eu pretendia: entre 12 e 15 anos, uma garota muda muito!

Foi uma curtição escrever Uma garrafa no mar e, mais ainda, vê-lo ilustrado por Maurício Negro. Aproveitando fotografias e mapas, ele bolou ilustrações lindas!
                                                                                                                       Isabel Vieira

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